o lixo se recicla, isso já é muito difundido, principalmente para a juventude. Dá pra se tirar muita coisa dele, inclusive seu futuro lixo. Com o tempo essas coisas todas viram um lixo filosófico, reencarnado com uma maldade esquisita. De onde viria isso? Do homem ou da idéia que o homem tem do lixo? Não interessa, realmente, pois é uma questão desimportante, mas a questão não seria bem essa, seria algo mais categórico e tãoquãomente tão retórico quanto uma embalagem de bombons: "qual o sentido da vida?"
Reciclando se reencarna, ensinam isso. Mas o que vem e o que vai, em que direção e a força com que pode ir? Porque não reciclam as coisas que não se podem triturar? Então com muita calma se pergunta uma pergunta inverossímel e passível: "qual o sentido? Da vida?"
"Lembrar de separar recicláveis". Colado na geladeira, como um manifesto da higiene mental, estampado bem direitinho pra não dar indigestão moral. Bota lá "Qual o sentido da vida. Conferir na segunda-feira". Aí sim começamos a cozinha pelo lado menos bom e menos mau. Azulejo quadradinho, delimitado. "Terça-feira. Pesquisar 'qual o sentido da vida?"
Com o tempo a pergunta vai deixando de dar tremedeira e aí se pode reciclar e separar as coisas em cores.
.r