25.7.08

Alice Doesn't Live Here Anymore - Scorsese (1974)




Curioso como as coisas se ligam, não sei se por influência ou se por algum padrão mágico, de repente você não teve nada a perder e a garota lá te emprestou alguns filmes aqui que fez você conhecer aquele filme maravilhoso que te lembra dos seus porquês, mudando sua vida estupidamente ao mesmo tempo que a revela de um jeito que sempre fora e num belo dia de preguiça você por alguma fagulha inexplicável lembra de um nome na locadora que te faz pegar este exato filme que o lembra tanto de Gena Rowlands, com um olhar extraordinariamente próximo, como se fosse um diário de infância fotografado por este cara que jamais saberá o que um pão com geléia e beliches assassinas significam, e de repente "Alice doesn't live here anymore" está lá projetado na sua frente como um prolongamento inevitável de atos de sua história, e há uma comunhão e constrangimento que te soca no estômago como que dois carros batendo em um cruzamento sem bons semáforos. O que há nessa fagulha universal que une uma porrada de coisas, de humanidade, quando nem dá pra perceber que sua vida não é simplesmente apenas sua, mas a de todos que o cercam, como quando você olha para os lados em um congestionamento e percebe que ali há humanidade há dois palmos, ainda que todos desviem os olhares, ao menos até o mau semáforo abrir ou a má ambulância partir e todos esquecermos dessas ligações incríveis que estão a um palmo de nossos narizes e simplesmente aceleramos, em direção a outras centenas de cruzamentos até, quem sabe, houver o sublime momento da coincidência de uma batida entre dois carros. Cicatriz da mamãe, é isso, acho que tudo se resume à extensão de cicatrizes, que agora reside também em mim. É isso, cicatriz da mamãe.

.r

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