25.12.11

AQUILES:
Assim falou a águia,
ao perceber as penas
na flecha que a perfurava:
Então somos abatidas
por nossas próprias asas


(Ésquilo)

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24.12.11

                                                   
                                                       Em retrospectiva, o saldo de 2011:
                                                       1. ocupar os lugares mais incômodos de nós e todo o resto,
                                                       2. pois se ausentar não dá pé;
                                                       3. a presença nos ressuscita.

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18.12.11

Em breve o firmamento completa um ano. E nada muito além daí. Um sinal! A Lerdeza acena lentamente como incapacidade, mas ainda assim a recebo para jantar. Macarronada, um suco de laranja; pra que as energias voltem mais rápido. Trocamos figurinhas, literalmente. Ela é mais paciente para juntá-las. Também me indica as Noites Brancas de Dostoiévski e pergunta se eu havia reparado que Bresson filmara os encontros em noites escuras, não claras como no original. Digo que não, e ela dá risada.

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Conviver com a decepção de não poder completar o quebra-cabeça. É grande demais, sim, mas é por isso que começo desde já. Numa das figurinhas está a imagem do Desinteresse. Noutra a da Burrice. Mas faço a troca desvantajosa por duas repetidas do Amor.

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Tatear as sombras ou andar seguro? Brincar nas ruínas ou observar edifícios firmes? Pergunto para a figura da Criança e ela pede mais tempo pra brincar, sempre, exageradamente, sob o risco tremendo de se perder entre as pedras, o lodo e o nada. Pois bem, a Criança fita o Adulto e o enche de vergonha, sob uma fascinação tremenda que o obriga a pular da Janela, meu coringa.

12.12.11



Santiago Fillol, Dormez- vous? [Do you sleep?] [¿Duerme?], 2009, 27’