12.3.11


Não é possível escrever um roteiro, prever.
O que é possível, e isto sim interessa, é criar uma estrutura, um recipiente para que as imagens e os sons que virão do acaso (desejado) possam encharcá-la a ponto de esfarelá-la.
Por isso o cinema estrutural é tão instigante. Frampton, Akerman. Há uma conchinha ali, a regra do jogo, que é devastada por um oceano. É preciso colocar a concha próxima ao ouvido para ouvirmos o som de sua destruição em curso, de seu ensopamento invisível, tão necessário à arte.


8.3.11


Envolvimento primário

Em níveis baixos de consciência, o artista experimenta métodos de procedimento indiferenciados ou irrestritos que rompem com os limites precisos da técnica racional. Aqui, as ferramentas não se diferenciam do material com que operam, ou então parecem voltar à sua condição primordial. Robert Morris (Arforum, abr 1968) vê o pincel de pintura desaparecendo no "bastão" de Pollock, e o bastão se dissolver para se tornar "pintura derramada" de um recipiente como usado por Morris Louis. O que se deve fazer então com o recipiente? Essa entropia da técnica nos deixa com um limite vazio ou sem limite algum. Toda tecnologia diferenciada se torna sem sentido para o artista que conhece essa situação. "O que os nominalistas chamam de grão de areia na máquina", diz T. E. Hulme em Cinders, "eu chamo de elemento fundamental da máquina." O crítico de arte racional não pode correr o risco desse abandono a uma indiferenciação "oceânica", só pode lidar com os limites que surgem após essa submersão em tal mundo de não-contenção.

(...) O pensamento de Allan Kaprow é um bom exemplo: "Muitos seres humanos, ao que parece, ainda erguem cercas em torno de seus atos e pensamentos" (Artforum, jun 1968).




trecho de Uma sedimentação da mente: projetos de terra
Robert Smithson, Artforum, set 1968
*

Defino o Neutro como aquilo que burla o paradigma, ou melhor, chamo de Neutro tudo o que burla o paradigma. Pois não defino uma palavra; dou nome a uma coisa: reúno sob um nome, que aqui é Neutro.
Paradigma é o quê? É a oposição de dois termos virtuais dos quais atualizo um, para falar, para produzir sentido.
trecho da aula inicial de O neutro, Roland Barthes, 1978


5.3.11



Recodificar as estruturas.
Reestruturar os códigos.

Encontro alegre.


X - Ontem o tempo foi bom.
Y - Fez calor.






pôr ordem nos afetos,
esquecer 
para compreender, 
para refundar sua medida, 
para desviar:
dormir é morrer um pouquinho