27.8.11

É preciso ter um peso. Uma determinada massa para a nossa atenção. Mas não em matéria literal, pois até mesmo a fumaça pode pesar mais que um elefante.

Trata-se da gravidade da obra –– que não deve ser confundida por ser mais grave que qualquer outra coisa, apenas mais pesada –– que engloba nossa experiência numa duração inversamente proporcional à sua massa: quanto maior a gravidade, mais devagar o tempo passa.

Somos atravessados por diversas gravidades, diversas durações. A arte que gravita por mais tempo é simultânea a outros campos gravitacionais (interferindo neles). Qualquer interferência mostra que tudo é atravessável, nada é puro e fechado. Uma vida equilibrada demais nos faz acreditar que o hábito da imobilidade é a própria definição de nossa natureza, nossa armadura contra a dissolução no outro.

Nada definitivo! 
O quanto antes tornarmos a fluidez e a gravidade a origem de nossas experiências, tanto melhor as vivenciaremos. Teremos tempo suficiente para ser atravessado pelas diversas combinações de corpos em relação até uma nova mudança no equilíbrio e assim se faz a avalanche.

Aquilo que atrai nossa atenção de modo devastador: Peso fluído
For him, the attempt to present something as "real" before it has been experienced –– whether the moisture of a raindrop on the skin or the emotions elicited by a work of art –– is a segregation of the senses. When notions of uncertainty are eradicated and when the representational is deemed a given, our ability to see, understand and experience becomes atrophied.


23.8.11


O hábito é a armadura das experiências.



14.8.11


tetologia
Ter uma experiência é tornar-se parte do mundo.

6.8.11

... pirataria selvagem das crianças, que farão qualquer coisa— fingimento ou sigilo ou representação— para obter qualquer coisa.
— Palmeiras selvagens, W.F.



Construir e brincar com corpos de tempo. Não "mostrar", mas "flanar". Ainda uma narrativa, mas narrativa modulada de fora dela por aquele que imerge nela. Diluição sempre irrepetível. Brincar com o tempo é perceber que o tempo é modulável, desviável. Entre uma "sala" e outra existe um intervalo inventado pela serialização (de narrativa quebrada) dos elementos, pela diferença e pela repetição. O silêncio do não-lugar (espaço vazio) dá lugar aos ecos quando da ocupação dos corpos (espaço com estômago, orelhas e pernas). A galeria morta vive uma composição simultânea de vida, temporalização e imaginação que evidenciam exatamente as limitações do espaço que contém este corpo instalado, vazando para fora.