7.1.09

Meu hábito.
Mau hábito.

O demônio em raspas
cria um hálito crespo
de mil vezes sem mudar

"um terno", ela disse
quase que desapontada com a facilidade de seu bom trato.
Ternura telúrica, em pedaços enormes.
Aponta pra lá e diz "é só um terno"
...............................em flocos
demônio das onze horas, surgindo com o desprezo
era um terno, seu defeito.

Demônio em raspas
irreal, MAQUIAGEM esclerosada
óleo de pele humana para o sol nascer comoumdemônio
o que há de ser § ?
em raspas de meu hábito
meu hálito das onze horas se explica.
Quê se fazer?, girando e girando como um poema comum
onde a importância mora em seu rastro insignificante que se explica
porque não significa nada. Mil vezes sem mudar.

1.1.09

Resposta 1000 - a revista do Brasil. #785

Neste O quiz 1000 o grande artista brasileiro consagrado em todo o mundo com seus filmes, quadros e pensamentos a frente de seu tempo: Ambrósio Hurro.

Entrevista de Geraldo Macalém Jr.


Senhor Ambrósio Hurro, é um prazer, este é O Quiz 1000 da Resposta 1000 - a revista do Brasil.
O prazer é meu. Vamos lá.

Deus existe?
Depende da marca.

Gosta de futebol?
Muito.

Torce pra quem?
Não vejo futebol.


Mas ainda assim gosta de futebol?
Sim, você me perguntou isso agorinha.

O que é viver?
Dar muitas entrevistas com frases de efeito e tentar fazer delas seu modus operandi.

Felicidade é...
...um sim infinito.

Ser um milionário significa muito pro senhor?
Em termos quantitativos, não. Mas sou um artista, oras, apenas me basta minha boca, meu pincel e minha câmera. Então a partir do momento que esse dinheiro permite que minha boca fale com maior potência é a maior maravilha do mundo, ou no momento em que eu quebrar e não tiver mais um puto no bolso e ainda assim minha câmera chegar no seu imaginário então não importa muito, em termos quantitativos, não, isso não me importa, até que me incomode, evidentemente.

E as mulheres?
Claro, o sentido da vida de todo homem.

Então viver é mais do que dar entrevistas com frases de efeito?
Não, pois a finalidade delas são as mulheres, "o público" deveria ser uma palavra do gênero feminino. É um fim implícito pra tudo. Se vou à padaria comprar pão é porque preciso continuar vivendo por elas. É uma desculpa esfarrapada.

Seu último filme, La mona, fala de modo muito curioso sobre isso, não?
Na verdade é só uma metáfora do ponto de vista amoroso, uma inversão de ângulo, nós vemos os pães, não as mulheres. Mas revendo o filme você percebe que os ingredientes estão todos ali, só não coloquei a Brigitte porque a padaria era portuguesa. (risos)

Quando ganhou aquela grandiosa homenagem na Itália o que o senhor sentiu?
Senti que no Brasil as homenagens custam muito mais dinheiro. Talvez porque as pessoas vão mais pela bebida, o que é justíssimo.

Não tinha bebida em Milão?
Não! Colocaram petiscos, mas ninguém mordeu a isca. De qualquer maneira me senti muito feliz em saber que minha arte esteja chegando na Europa, lá as coisas são mais preconceituosas, fechadas em uma caixinha, então se você consegue entrar na casa deles, é porque virou seu namoradinho.

Isso explica muita coisa.
Pois é. Mas hoje em dia ainda há muito crime passional, então não pode bobear, não.

Então o público brasileiro seria mais aberto a novas tendências estéticas?
Aberto, não. Ele tem menos opções, vanguarda é o que aparece, é um deus nos acuda.

Pra finalizar. Qual a mensagem para os jovens que admiram seu trabalho? O que o senhor gostaria de dizer para eles...e elas, claro!
Deixe ver...(Ambrósio se levanta e anda em direção à porta) Quebrem algumas janelas e saiam correndo.

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