8.2.09

gosmagosma tocou a campainha


Da série textos que vão pro lixo

zing zing, tocou alto. Foi ver e era um monstro horrível. Deixou entrar e ofereceu o almoço pegando o chapéu e botando na chapeleira. Quanto ódio e raiva, não dava pra explicar falando apesar disso poder ser dito. Sentado a mesa o monstro disse coisas que não deveriam ser ditas a mesa, com gosma escorrendo:
- Não existe mais um pingo de resquício de desprezo ou adoração por você. Só resta a indiferença, essa morte implacável que destruiu meus jantares e noites com anestesia grave. Não há mais nada e isso é tudo que não posso deixar que escorra dessa gosma. Você não existe mais, assim como essa cadeira, um amor tão seco que nem se chama assim, se chama "ter", se chama "poder". É um monólogo desconexo, pois você não existe mais que essa porta. Que morte implacável, deus meu, me permita ser triste por você? Um pouco?

Então ela serviu o prato. Mas aí ela já não existia mais.

gosmagosma fluindo, descendo pra onde não se sabe e onde não se diz. Que mistério é esse, seu deus filho da puta?, pensou.


.r

Um comentário:

rayuela disse...

Triste.
O amor seca quando a gente esquece dele. Mas dificilmente a gente esquece o amor só por "ela, que serve o prato", e sim por todas as coisas. Aliás, tem gente que nem esquece, porque nunca nem soube dele.

O amor tá muito é banalizado.