Duas caras. Uma mulher aos olhos de um homem que há muito desistiu do sexo. Curioso. Desse plot só se pôde decupar os significados mudos. O homem estava amarrado, então amarrou-se a imagem da mulher.
Como nós revoltados de uma trama oca, surge o turbilhão. Perseguição metafísica com bônus carnal, afinal, Kim Novak. Pendurada no quadro de seus desejos. Apertada à distância de um close. Nada se diz, porque não se sabe o que dizer, e isto - é o máximo.
E os desejos, curiosamente, são engraçados. O eterno tableaux do me ame, me ame. A fraqueza feminina é diferente da masculina, indecifrável aos olhos formais do tesão. Troque, coloque, tire, e fique loura. Representar o irrepresentável? Ou representar apenas? Ou meramente representar as penas?
Gosto de Midge, que sangra a sua maneira.
E o que sobra é o recorte mudo, de algo que não se compreende e o final do filme diz isso subterraneamente, quando precisa matar aquilo de que não consegue mais extorquir amor. É necessária essa eterna separação para o homem manter seus ideais e amores. Mata-se Kim Novak, e isso, definitivamente, está errado.
sobre Vertigo, 1958, Hitchcock
Um comentário:
visto.
Digo: um homem jamais pode conscientemente viver de novo o já vivido.
Inconscientemente já fazemos isso. É o nosso pequeno eterno retorno.
Fora isso, há uma perversidade implícita, e a morte figura como a saída derradeira.
Pergunto, por que Judy pulou?
Óbvio talvez.
Achou ser ela que subia, e assumiu o lugar de Madeleine.
Marker deixa o recado: Madeleine - Proust.
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