16.6.11


–– Ainda veremos o que não vemos.
–– Calma, calma, vá dormir.  
–– Viver o impensável. O impensável. 
–– Será trabalhoso refazer o mundo. O trabalho dos trabalhos.
–– Por isso toco seu rosto.
–– Sua mão? E esta?
–– Não existe a Mão das mãos, nem o Molde dos moldes. O que existe é seu rosto em minha mão, e o arrepio em minhas costas. Esta é a primeira nova lei que criamos juntos.
–– E este sono que me atravessa diante de sua face é a segunda.
–– A terceira e a quarta já aconteceram também.
–– A temperatura solar de meu dorso encontrando sua voz fora de mim.
–– Este pé frio que reclama novos caminhos.
–– É para este percurso de hibernação ativa que legislamos? Para este corte no real que já não apetece?
–– Uma explosão. E ninguém verá. Rios subterrâneos que moverão o grande bloco de gelo que chamamos modo de vida, até o primeiro estalo e a primeira vazão.

–– Vamos polir estas imagens. Vamos enraizá-las para que refaçam seu sentido, ao menos para nós compreendermos mais e mais a natureza deste sono que nos atravessa.
–– Calma, calma, quando amanhecer. Vá dormir, que tudo fluirá.

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