24.12.07

Camomila


Pimbol. Correio eletrônico. Dingou béu. A pequena mosca não achara nenhum verbo ali, nenhum verbo-verbo que fosse útil pra conjugar durante o vôo até o ponto de ônibus. Olhou pra xícara onde descansava, com seus milhares de olhos que viam milhares de gotas, a última gota de chá de camomila. Não, não, camomila não é verbo, pensou. Power da televisão não tinha tradução, mas talvez por ela ser uma mosca, não necessariamente que não existisse uma língua capaz de traduzir tal palavra. Tais mil palavras pra ela.

Gostava muito de Marilyn, a olhava por bons bocados de horas. Um grande cartaz que a fazia esquecer da(s) gota(s) de chá de camomila ou o que quer que fosse. É uma linda e sexy mosca, pensava. Marilyn. Mosca. Monroe.
Aproximou-se a garçonete, o chá estava frio há muito. Ela distraída quase tomou um tapa da grande humana desencantada. Conseguiu voar sem tirar seu olhar milenar de Marilyn. Esquecera até mesmo do vidro que separava fora de dentro. BZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzz. Tum. Bateu no vidro e desmaiou.
A família da mosca já era crente de que ela era uma drogada. Camomila ou o que quer que fosse, pensavam com os milhares de olhares perdidos.


.r

Um comentário:

Jacque disse...

pobre pobre pobre mosca de marré marré marré.